terça-feira, 18 de setembro de 2012

DECISÃO CONTRA O MIDIANEWS É AUTORITÁRIA, DIZ FENARJ


Presidente da Federação Nacional

dos Jornalistas emitirá nota pública


ANTÔNIO DE SOUZA
DA EDITORIA
O jornalista Celso Schroder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), classificou de “autoritária” – e como “exorbitância do papel do Judiciário”  – a decisão da Justiça Eleitoral de Cuiabá que mandou retirar doMidiaNews reportagens com conteúdo crítico em relação ao candidato a prefeito Mauro Mendes (PSB).

“A Fenaj se manifesta publicamente, e parcialmente, sobre isso. Vamos incorporar essa denúncia às demais, que ocorrem no país, de violência contra os jornalistas. Porque nós não consideramos isso simplesmente um veto, e sim um impedimento ao trabalho jornalístico do site, um impedimento na atuação de seus profissionais. Temos que trazer essas ações cerceativas para o conceito de violência contra o jornalista. Isso tem um grau de violência absurda contra a categoria”, afirmou.

A juíza Rita Soraya Tolentino de Barros, da 51ª Zonal Eleitoral, acatou o pedido feito por Mendes e determinou, em caráter liminar, que o site excluísse “toda e qualquer matéria” que atentasse contra a reputação do candidato. 

A ação de Mendes foi motivada pela entrevista do ex-secretário Eder Moraes, que disse, entre outras, que “Mendes não é um bom moço, mas um excelente ator” e que o senador Blairo Maggi (PR) “está triste e constrangido por apoiá-lo”.

Celso Schroder, que também é presidente da Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (Fepalc) e diretor do Comitê Executivo da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), disse que emitirá uma nota oficial em protesto contra a decisão.

“Mandar excluir do conteúdo do site uma entrevista, dessa maneira, é um ato de autoritarismo. É muito grave... Trata-se de uma exorbitância do papel do Judiciário. Portanto, temos reagir, e denunciar tal ato como uma prática de impedimento ao exercício do jornalismo. Isso vai contra a liberdade de expressão, contra a liberdade de imprensa, e não tem nada a ver com proteção do cidadão. O cidadão tem mecanismos específicos para se defender perante a Justiça, como pleitear o direito de resposta, mas nada justifica a censura”, afirmou. 

Agressão contra a imprensa
O presidente da Fenaj afirmou que a instituição irá emitir uma nota oficial e distribuí-la a organismos nacionais e internacionais do setor jornalístico. 

“Vamos denunciar publicamente essa censura. O caso do MidiaNews será colocado no rol das agressões contra a imprensa, contra os profissionais, contra a prática do jornalismo. Daremos divulgação internacional, por meio de sindicatos internacionais, como ato de protesto contra esse abuso, que infelizmente tem sido cada vez mais constante”, afirmou. 

Segundo Celso Schroder, decisões como a que foi tomada contra o MidiaNews estão cada vez mais comuns. 

“Isso vem acontecendo sistematicamente. É uma prática que está se alastrando no país. Uma das razões é que estamos sem uma Lei de Imprensa e a Justiça está usando os códigos Penal e Civil para se punir, a partir de uma ignorância sobre as práticas jornalísticas. Essa ‘judicialização da imprensa’ é um absurdo”, afirmou. 

OAB: precedente perigoso


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil 
em Mato Grosso, advogado Cláudio Stábile, 
também repudiou a decisão da Justiça Eleitoral 
 e a considerou como um “precedente perigoso”.

“A OAB é contra qualquer tipo de censura, 
cerceamento ou obstáculo contra a liberdade de imprensa. 
Mesmo em período eleitoral, é fundamental que exista o 
máximo de respeito à liberdade de expressão e de imprensa. 
A OAB nunca concordou, e não concorda, com essa decisão
de mandar retirar matéria jornalística dos sites, de impedir 
a divulgação dos fatos. O que deve prevalecer, em qualquer 
tipo de situação, é a liberdade, em seu estado mais amplo”, 
afirmou Stábile.

“Esse tipo de decisão pode ser um precedente perigoso. 
Aliás, é sempre perigoso impedir a imprensa de divulgar 
qualquer fato, ou crítica, em qualquer situação, inclusive 
no período eleitoral. Se houver algum questionamento 
sobre uma reportagem, em que alguém considere 
que deva haver algum reparo, que isso seja feito através 
do direito de resposta, e não por meio da censura”, ponderou Stábile.
Midianews

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