sábado, 2 de fevereiro de 2013

ALGUNS EXEMPLOS...

(Editorial do Diário de Cuiabá 02/02/2013)


No Congresso Nacional parlamentares mato-grossenses protagonizaram alguns atos dignos de destaque na memória do Estado Brasileiro e de sua gente ordeira e trabalhadora.

Em 8 de junho de 1964, no auge dos anos de chumbo da ditadura militar, o presidente Castelo Branco lançou mão do Ato Institucional Número 1 para cassar o mandato de senador por Goiás e os direitos políticos de um dos maiores estadistas da América Latina em todos os tempos, Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou simplesmente JK.

Quando da cassação de Juscelino Kubitscheck o ministro do Planejamento era o eminente mato-grossense, professor, economista, embaixador, escritor e pensador Roberto de Oliveira Campos. O presidente Castelo Branco pediu ao ministério que assinasse a sentença de morte política de JK, mas Roberto Campos recusou-se a apor sua assinatura. Em tom respeitoso, porém incisivo, disse que não se deixaria violentar compactuando com aquela decisão da dita Revolução de Março de 1964.

Roberto Campos colocou o cargo à disposição de Castelo Branco, que, no entanto, o manteve, porque naquele delicado momento o Brasil precisava muito da inteligência daquele ilustre mato-grossense agora de saudosa memória, para atravessar turbulências econômicas internas e injunções da economia mundial à época em profunda transformação.

As gargantas brasileiras ficaram roucas e secas de tanto gritar por eleição direta para presidente da República. Isso, quando o então deputado federal mato-grossense Dante Martins de Oliveira apresentou a emenda que se tornou conhecida por Diretas-já.

Em 25 de abril de 1984, submetida à votação na Câmara, a emenda das Diretas-já recebeu a maioria dos votos dos deputados, mas não o suficiente para alcançar o necessário à sua aprovação.

A emenda murchou pela força governista que sustentava o poder emanado das baionetas, mas fora do âmbito institucional ela foi a semente que fez brotar o sol da liberdade sobre o Brasil, antecipado o fim da ditadura com seus tribunais de exceção.

Roberto Campos e Dante de Oliveira são dois grandes exemplos da dignidade política mato-grossense. Desde ontem, a eles se juntou o senador pedetista Pedro Taques, estreante na vida pública, que num gesto de desprendimento e grandeza democrática assumiu uma anticandidatura à presidência do Senado fazendo da sua a voz da oposição democrática ao controle dos poderes políticos da Nação por um grupo suprapartidário que preocupa quem defende e sonha com o Brasil plural.

Com determinação e de cabeça erguida, Pedro Taques foi ao sacrifício sem deixar que seu sorriso de esperança por dias melhores cedesse lugar às lágrimas de fraqueza e submissão.

Mato Grosso ganhou com o gesto do senador Roberto Campos. Ganhou com o desafio lançado pelo deputado federal Dante de Oliveira. Ganhou com a anticandidatura de Pedro Taques, porque ela simbolizou o desejo de mudança que está no inconsciente coletivo nacional. 

Editorial do Diário de Cuiabá - Online do 02/02/2013

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